Trump: o choque do mundo.


Na semana que passou o Mundo parece ter endoidecido. E eu continuo sem perceber a razão. As redes sociais são hoje um lugar tóxico, onde se inflamam ódios, onde se fazem julgamentos antes sequer de a realidade provar que estamos certos. Na semana em que o mundo perdeu um dos maiores compositores e símbolos da música, Leonard Cohen, o mesmo mundo assistiu à eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Um candidato anti-sistema que nem dentro do próprio partido foi consensual. A vitória é sua. Durante a campanha não escondeu as ideias que defendia, nem como se iria relacionar com o país e o resto do mundo. A NATO, as relações com a Rússia, as alterações climáticas, a guerra com o México e a forma inflamada como falou de alguns grupos sociais são agora a preocupação da sociedade americana e do mundo. É certo que a sua inexperiência política, o seu lado mediático e a riqueza que conquistou ao longo da vida provocam incertezas sobre o futuro do país. Contudo, para os que ainda se questionam por que razão Trump bateu Hillary Clinton, basta olhar para aquilo que ele representou na campanha: uma alternativa ao sistema, uma defesa intransigente do povo americano, prometendo 25 milhões postos de trabalho na próxima década, através do aumento do PIB e da descida de impostos para as empresas. Donald Trump garantiu ainda que ia apostar numa política protecionista, contrariando décadas de comércio livre. Na verdade foi este discurso que lhe garantiu a vitória. E é também para isto que a Europa deve olhar. As instituições, cá e do outro lado do Atlântico, falharam. Os políticos e o sistema tradicional também. Foi combatendo tudo isso que a sociedade americana escolheu Trump. Mas o futuro presidente dos americanos sabe que, agora que lhe calhou a fava, não pode cumprir nem metade do que prometeu, sob pena de originar a implosão de uma potência decisiva no tabuleiro geoestratégico mundial, como são os Estados Unidos da América.  Esta é a maior lição que o mundo, e sobretudo a Europa, têm de aprender: ou se olha à séria para os falhanços das políticas e dos líderes atuais ou então, corremos o risco de sermos esmagados pelos tais extremismos que acenam de todo o lado.


*Crónica de 14 de novembro, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.

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