A caminho das legislativas. O erro da coligação.




Quando esta crónica for para o ar, não sei como estará a Grécia, nem o povo e muito menos a banca. Diz Bruxelas que não fecha, para já, a torneira dos euros. Problema grego à parte, que começa a tornar-se cansativo, embora extremamente grave ao nível das consequências para Portugal, hoje vou abordar o tema das legislativas. Diz a imprensa portuguesa que, nestas eleições, Passos e Portas vão andar juntos em toda a campanha, que arranca depois do verão. A coligação pré-eleitoral assim o obriga, e até porque é necessário dar sustento às linhas política e governativa dos últimos quatro anos. Não sabemos quem sairá vencedor nem quem irá ocupar o trono de São Bento. Sabemos apenas que no atual quadro político-partidário é a esquerda que está em melhor posição para obter um resultado melhor. A direita, já o disse publicamente, faz mal em ir coligada às urnas. Portas e Passos juntos valem menos do que indo cada um por si. Não apenas do ponto de vista do voto, mas sobretudo na perspetiva partidária. O eleitorado do centro, por mais semelhanças que o una, tem diferenças insanáveis. Partidariamente falando, o eleitorado social-democrata ainda não esqueceu os atos irrevogáveis que o líder do CDS teve na legislatura que agora chega ao fim. E é bom não esquecer que, em Política, há atitudes que são muito difíceis de perdoar. Seja como for, António Costa tem todos os trunfos na mão. Resta saber se os usará de forma eficaz junto do eleitorado que, ao mesmo tempo, tem perdido a confiança no atual secretário-geral do PS. Para esta campanha, meus senhores, recordo uma frase de Portas num debate travado com Passos nas últimas legislativas. O país tinha acabado de pedir o resgaste, e o presidente do PSD era ainda um homem otimista e preocupado em garantir aos portugueses que «toda a austeridade» seria «feita pelo Estado» e «não mais pelos portugueses». Portas interrompeu-o, olhou-o nos olhos e disse: «o dinheiro não estica e nós não devemos dizer em campanha eleitoral aquilo de que não temos a certeza». É por tudo isto que a Política perdeu credibilidade. Continua a prometer o que não pode. Continua a acenar com o dinheiro dos outros. Persiste em enganar os cidadãos. O povo português ainda é soberano na decisão de escolha dos seus representantes. E é por isso que me conforta saber que depende de todos nós o futuro que aí vem.


* Crónica de 29 de junho de 2015 na Antena Livre, 89.7 Abrantes. OUVIR.




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