Sampaio da Nóvoa. Apoias agora ou depois, PS?
Sampaio
da Nóvoa finalmente assumiu oficialmente a candidatura. Fê-lo num emblemático
palco lisboeta: o teatro da Trindade, lugar de tantos sonhos e esperanças. O
sonho do antigo reitor da Universidade de Lisboa seria certamente ter António
Costa na primeira fila. Mas esse anseio ficou adiado por uns tempos. Quando, ninguém
sabe. A
verdade é que o apoio oficial do PS a Sampaio da Nóvoa parece uma
inevitabilidade, mesmo contra uma larga franja do partido que discorda e que
preferia Guterres. Na
primeira fila, os sinais ficaram dados: Mário Soares, Jorge Sampaio e Vasco
Lourenço disseram «sim» à chamada do candidato mais escrutinado dos últimos
tempos. No
discurso de lançamento da sua candidatura presidencial, Sampaio da Nóvoa
prometeu tudo, sabendo nós que esse tudo, é nada, já que o esvaziamento da
função presidencial esgotar-se-á no primeiro dia após a eleição. Começa
a ser um clássico cansativo os discursos dos candidatos a Belém, São cada vez
mais desprovidos de frontalidade e honestidade eleitoral. Diz o antigo Reitor
que, se for eleito, não permitirá que o país seja dominado por corporações ou
interesses legítimos e que não se resigna perante a destruição do Estado
social. Sabemos
todos que um Presidente pode demasiadamente pouco para tão largas promessas que
mais parecem de candidatos a primeiro-ministro. Tanta vontade
interventiva nos candidatos para depois sabermos bem que a teoria pára nos
corredores solitários do Palácio e onde moram sempre mandatos longos e penosos
demais para quem os exerce. À direita, tudo
igual. A artilharia prepara-se para compensar o eventual estrondo legislativo
que ainda chega este ano. Resta saber até onde Sampaio da Nóvoa conseguirá ir.
As expectativas, por estes lados, são demasiado baixas.
*Crónica de 5 de Maio, na Antena Livre, 89.7, Abrantes. OUVIR.
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