Momento «Em nome de ti, ALA», dia 332.
Momento «Em nome de ti, ALA», dia 332: «O meu pai obrigava-nos a ouvir sinfonias, a ler, mesmo em
férias, a fazer resumos de capítulos. Começava por escritores que ele achava
mais fáceis. Ler um capítulo da Bovary e fazer um resumo.
Vivíamos no meio disso. Mas foi enquanto médico que ouvi as frases mais
extraordinárias. Uma vez numa aula de neurologia, onde se apresentavam com
casos clínicos, estava uma mulher com uma doença neurológica que mal se
conseguia mexer com dores horríveis, uma mulher analfabeta. O professor
perguntou-lhe como é que conseguia fazer as coisas da casa e ela teve a
definição da dor mais extraordinária que alguma vez ouvi: “é tudo a poder de
lágrimas e ais…” Às vezes ouvia frases destas. Já era médico, uma senhora
pediu-me para passar só uma embalagem em cada receita porque não tinha dinheiro
para tudo e depois chegou-se a mim e disse: “sabe, é que quem não tem dinheiro
não tem alma».
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