A sobrevivência sem limites.

«....antes de a NEP (Nova Política Económica, idealizada por Lenine, que entrou em vigor em 1922 e previa o retorno, após a guerra civil, a um Estado com determinadas características capitalistas) ter sido abolida, a imprensa soviética começou a escrever sobre a fome que grassava nos países capitalistas. Este facto fez com que Green pensasse que, na Rússia, se preparavam para um longo período de fome. Começou a armazenar comida desesperadamente, o que o salvou - e à família - de uma morte certa. As suas histórias sobre esse período eram indescritíveis. Pais que comeram os filhos. Toda a espécie de animais domésticos, até cães, gatos e ratos, desapareceu completamente... Centenas de milhares de pessoas colapsavam nas ruas, inchadas de fome... As pessoas pagavam ouro, literalmente, por algo que pudessem comer. Nalgumas zonas os enlouquecidos pela fome comeram a carne de cadáveres que desenterraram das suas sepulturas...». Excerto de «O Sabor do Paraíso», Página 94, de Icek Erlichson, de que já falei há uns dias neste blogue. Passei por ela hoje. Cada página tem-me impressionado. Mas esta passagem, sobretudo em tempo de Natal, marcou-me particularmente. Olhando para a barbárie cometida na Segunda Grande Guerra pela antiga União Soviética, constato que hoje, talvez em muitos cantos deste país, não esteja muito longe deste cenário. E chorei. E revoltei-me. E continuei o relato. 

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