O tempo de revisitar Eça.

Há sempre um momento na nossa vida em que regressamos ao passado. A minha revisita ao Eça demorou [e há muito que era desejada] porque a reprimia diariamente sempre que começava uma nova leitura. Há duas semanas ganhei coragem e abri a estante onde repousam os 20 livros do génio. O Tempo presente urge. A necessidade de acalmar a alma também já que muito lixo também se consome na Urbe. E tinha de começar por uma obra que me marcou quando aos 16 anos a li pela primeira vez, ou não fosse eu filha da Província e adoptada pela Civilização. Reza assim um excerto de ‘A Cidade e as Serras’ [obra póstuma, publicada em 1901] e que reflecte muito do que somos ainda hoje: «(…) o que a Cidade mais deteriora no Homem é a Inteligência, porque ou lhe arregimenta dentro da banalidade ou lha empurra para a extravagância. Nessa densa e pairante camada de Ideias e Fórmulas que constitui a atmosfera mental das Cidades, o homem que a respira, nela envolto, só pensa todos os pensamentos já pensados (…) Todos, intelectualmente, são carneiros, trilhando o mesmo trilho, balando o mesmo balido, com o focinho pendido para a poeira onde pisam, em fila, as pegadas pisadas; e alguns são macacos, saltando no topo de mastros vistosos, com esgares e cabriolas». *ac@Eça*

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