Lisboa, «menina e moça»...


 
Hoje quero falar-vos de Lisboa. A capital deste reino onde todas as desgraças são decididas, mas também, e ao mesmo tempo, o outro lugar mágico, pelo menos aos olhos de uma abrantina de sangue, adoptada por esta cidade. Lisboa transformou-se no último ano. Nunca deixou, é certo, de ser uma capital europeia com justiça nesse título. Mas o curioso, é que mesmo contra a maré de crise que por cá lavra, a verdade é que Lisboa não quis saber dos discursos de austeridade que teimar em nos dizer. Há mais vida por cá. E a cidade está cada vez mais bonita. Tudo isto graças a muita gente que não deixa morrer a cultura, que sabe receber um bom turista e, acima de tudo, que tem noção de que é nestes momentos de dificuldade que não se pode cruzar os braços. Animações de rua, actividades ao ar livre, exposições, programas culturais intensos, o fado que povoa os bairros carismáticos e a fazer jus ao título de património mundial da UNESCO, ruas, praças e avenidas povoadas de novos quiosques, onde todos se deixam ir, ao sabor de uma bebida fresca nestes finais de tarde de Setembro, em que o Verão ainda dura. Tudo isto e tanto mais tem esta cidade e que tal como Nova Iorque, pode dizer-se, já nunca dorme. Obviamente que todas as capitais europeias têm as suas actividades e os seus programas de animação, mas eu, que por cá ando há uma década, confesso-vos, nunca Lisboa esteve tão bonita como hoje. A campanha eleitoral rumo às autárquicas deste final de mês veio estragar tudo. As arruadas, os comícios, as acções de rua são demasiado ruído para uma cidade que se quer limpa, de propaganda e de lixo, claro está. Que acabe depressa, para a capital do país continuar a respirar sem atropelos. Uma nota final para as eleições do próximo domingo. Os tempos são negros, já todos o sabemos. A confiança nos políticos está no pior índice desde que me lembro haver democracia em Portugal. Seja como for, que cada um de nós exerça ou não, o seu direito de voto como bem entender. Somos nós, o povo, que tem nas mãos a chave da mudança. Mesmo que essa porta de esperança teime em não querer abrir.

*Crónica Rádio Antena Livre, 89.7, Abrantes, 23 de Setembro.

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