IVA. Uma questão de equidade.
As novas regras do IVA vieram demonstrar que uma lei tão
simples pode gerar eficácia a curto prazo. A prová-lo estão os impactos que a
obrigatoriedade de emitir facturas já veio demonstrar. Só no mês de Janeiro,
ficamos a sabre que são aos milhares o número de empresas em Portugal a fugir
ao Fisco, uma prática de décadas e que tem enriquecido de forma ilegítima e
ilegal muitos empresários. Só naquele mês, a Autoridade
Tributária e Aduaneira apanhou 30 mil empresas a fugir ao fisco: declararam
menos IVA do que o que cobraram aos clientes. Por
outro lado, cerca de 14 mil empresas passaram facturas, apesar de não terem
iniciado actividade ou de estarem encerradas. Uma regra
tão simples implementada, veja-se só...em 2013. A lei não protege o consumidor,
pelo contrário, faz dele inspector das Finanças, bem sabemos, mas se eu pago o
IVA, porque raio quem me presta um serviço fica com o imposto no bolso? Trata-se de «apanhar» na malha quem foge, não só na
restauração como noutros sectores de actividade, uma espécie de
«chico-espertismo à portuguesa» e que agora, finalmente, chegou ao fim. Ao contrário do que muitos defendem não se trata de nenhuma
regra salazarenta nem de nenhuma exigência da Troika, trata-se de uma simples
medida de combate à fraude e evasão fiscal. E bastava implementá-la nem que
fosse há 10 anos certamente que teria trazido muitos ganhos de eficiência ao
Estado. Digam o que disseram esta é daquelas medidas que traduz uma justiça
fiscal e económica enorme, é o fim de muitos chicos-espertos que achavam até
hoje serem mais inteligentes que os outros. Agora têm de entregar ao Estado
dinheiro que metiam ao bolso. O problema para muitas empresas não é apenas a
crise, mas sim a cultura do empresário nacional, decorrente de exemplos como este. É por aqui que se começam as limpezas, é por aqui que o sentimento
de impunidade tem um termo. É por aqui que se constrói um país decente. Que
assim seja noutros sectores do Estado.
*Crónica de 1 de Abril na Antena Livre, 89.7, Abrantes.
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