Obrigada, Miguel.

«A minha consciência obriga-me a tornar público um episódio que sempre mantive privado, porque não me ocorreu fazer diferente. Em 2004, Santana Lopes era primeiro-ministro e eu mantinha, há uns anos, uma crónica de opinião semanal na Antena 1, cujo director se chamava Luís Marinho. Desde a tomada de posse que fui crítico contundente do Governo Santana Lopes, até que um dia o Luís Marinho me chamou e começou com uma conversa circular acabando por confessar que achava que a minha crónica devia ser substituída por um outro tipo de intervenção qualquer, talvez enquadrada com outros, e na qual ele iria meditar. Disse-lhe que não valia a pena quebrar a cabeça a pensar na alternativa: eu conhecia as regras do jogo. E ali mesmo me despedi, sem mais nem um tostão, deixando-o, ao que me pareceu, visivelmente aliviado. Hoje, depois de ter lido o depoimento do ex-subdirector da Antena 1, Ricardo Alexandre, não tenho dúvidas de que Luís Marinho continua fiel ao seu roteiro, tendo assim servido o Governo Santana Lopes, o Governo Sócrates e agora o Governo Passos Coelho/relvas — e sempre a subir. Acontece, porém, que Pedro Rosa Mendes é um grande jornalista e um grande escritor: o país deve-lhe. Quanto a Luís Marinho, sinceramente, não me recordo de qualquer coisa que o jornalismo lhe deva: um texto, uma reportagem, uma entrevista. É o meu testemunho, que ninguém me pediu: apenas para que conste».
Miguel Sousa Tavares, Expresso.

Comentários

Anónimo disse…
obrigada porquê? por nunca nos ter explicitado que havia censura em Portugal e aceitar as regras do jogo? a ele dá para ir pregar para outra freguesia, os mexilhões não têm essa chance.
Ana Clara disse…
Que eu saiba, pelo testemunho que nos é dado, ele nunca aceitou as regras ditadas pelo poder.
Anónimo disse…
ele que não se arme aos cucos. não fez nada de especial em ter ido embora abrindo a porta a que o poder fizesse o que lhe apetecia.

agradeço sim a rosa mendes por ter aberto a boca em tempo útil.
Ana Clara disse…
Eu acho que o texto diz tudo. Quanto ao Pedro Rosa Mendes, fez o que devia ter feito para um profissional com espinha dorsal.
Anónimo disse…
Ana Clara, O texto diz o que diz. O agradecimento do post é que me parece excessivo. Não vejo motivo para lhe agradecer porra nenhum, mas lá está. Isso sou eu.já há muito que sei que não existe liberdade no jornalismo português.
Anónimo disse…
Obrigada porquê?
A carta que uma professora lhe escreveu diz tudo desse senhor.
Pode ser lida aqui: http://educar.wordpress.com/2008/03/20/sobre-os-professores-a-miguel-de-sousa-tavares/

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