Cavaco candidato - o olhar de quem viu


A firmeza sempre foi mais forte que a indecisão. Mas, no final, ganhou a convicção de uma cidadã que venera a política. 20 horas. Centro Cultural de Belém. Cavaco prepara-se nos bastidores para apresentar a recandidatura à Presidência da República. Há cinco anos o momento foi diferente. A intensidade do anúncio foi maior. Os apoiantes eram muitos mais. Mas Cavaco, pautado pela discrição que o caracteriza. mandou conter os gritos e os aplausos. Pediu para que as reacções dos que o apoiam nesta que será provavelmente a última batalha que trava na política fossem sóbrias. E assim foi. Foi um homem sereno aquele que entrou na sala Fernando Pessoa, acompanhado da companheira de sempre, Maria. Minutos antes a família - filhos, netos e genros - sentava-se nos lugares que lhe tinham sido destinados na primeira fila, antecipando a entrada do patriarca. Tal como em 2005, as 10 bandeiras nacionais lá estavam, como um prenúncio de positivismo. À semelhança do estado do País, o actual Presidente, agora também candidato, não prometeu mundos e fundos. Comprometeu-se apenas a lutar pelos portugueses, garantiu que vai gastar apenas metade do que a lei lhe permite  em campanha. Vai prescindir dos outdoors, mesmo que isso lhe possa custar votos. Dá o exemplo, como devia ser obrigação dos agentes políticos. Em nome dos cidadãos do interior e do litoral que não têm emprego ou que sobrevivem com pensões reduzidas, da classe média asfixiada e de todos os portugueses, candidata-se a Belém. Repete o slogan de há cinco anos: quer ser o «Presidente de todos os portugueses». E, apesar de se orgulhar do passado político, assegura que incorpora uma candidatura independente de todas as forças partidárias. «O meu partido é Portugal». Não temos um Cavaco diferente, apenas mais envelhecido e maduro. Quem lhe conhece a fibra política - que a tem - sabe que o candidato Cavaco não vai guerrear. Não vai responder a Alegre nem a Nobre. Vai fazer uma campanha limpa. Goste-se ou não - porque Cavaco também tem responsabilidades no estado do País - a verdade é que dificilmente o segundo mandato lhe fugirá, mesmo sem cartazes na rua. Retenho apenas o momento histórico do dia 26 de Outubro de 2010. O dia que a História regista. O momento que os politólogos descreverão nos livros que hão-de ser escritos. E quando for velhinha...hei-de lembrar-me do dia. Posso dizer aos mais novos que estive lá. Como os meus avós me descreveram os o 25 de Abril e os célebres discursos de Sá Carneiro. Foi a História de Portugal de hoje que quis viver. Porque simplesmente amo a política. E para os que me apelidam de «cavaquista», deixo um recado: pela última vez. Não sou «cavaquista». Sou uma mulher e cidadã que pensa e se interessa pela realidade político-partidária e ideológica deste pequeno rectângulo. Ponto final. Sem parágrafo. O resto é ignorância e ódios de seres sem massa cinzenta. LER DISCURSO

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