Não estás só, José!


Muitas vezes não come. A solidão persegue-o dia e noite. José. É o nome do guardião de uma aldeia na serra algarvia que tem nos seus 80 anos o único habitante daquele lugar. Há 10 anos que tem nos gatos que tem em casa, a casa que foi do avô, os amigos do peito. Resistiu à tentação de sair da aldeia em busca de uma vida melhor. Sofre muitas vezes com o vazio que escolheu ter. Diz que já não sai dali porque sabe bem José aquele lugar morreu há muito e há-de desaparecer fisicamente quando a morte o levar. O retrato do País desertificado que, nas urbes que se acham cosmopolitas, nada importa. A história foi retratada hoje em «Sinais de Fogo», de Miguel Sousa Tavares e encheu-me o rosto de água, menos de uma semana depois, de ter visto, in loco, no interior do Baixo Alentejo, uma realidade não tão dura mas muito semelhante. Obrigada, Miguel, por me mostrares o que muitos dos políticos neste País se recusam a ver.

Comentários

Unknown disse…
Completamente de acordo. Aconteceu-me o mesmo.Eu não queria mas as lágrimas queriam rolar...ainda eu às vezes digo que me sinto só.Gostei do seu texto.
Ana Clara disse…
Obrigada, Maria. Nos tempos que correm, somos uns felizardos perante pessoas neste País que estão em situações surreais. A vontade que dá pegar em nós e ir fazer companhia a José. Ele merece.

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