Estabilidade governativa versus maiorias relativas


Não sou perita na matéria. Contudo, conheço o suficiente de Ciência Política para poder dizer que o Governo de José Sócrates tem condições para cumprir esta legislatura até ao fim e responder perante aquele que foi o veredicto popular nas urnas. A obrigação do Executivo socialista minoritário é cumprir o mandato de quatro anos para o qual foi eleito.
E porquê a discussão agora? Porque o tema tem sido levantado sucessivamente desde as legislativas e aguça-se mais ainda quando chegamos à votação do OE para 2010 e perante as dificuldades que a oposição pode vir a criar.
Esses obstáculos têm de ser unicamente antecipados e resolvidos pelo Governo. As cedências e negociações são algo que todo e qualquer elenco governamental tem de saber lidar e responder.
Não partilho da tese de que só maiorias absolutas dão estabilidade a um País. Aliás, a história, nas diversas democracias parlamentares europeias, tem provado isso mesmo. António Guterres, é bom recordar, conseguiu liderar o País – não interessa para o caso se bem ou mal – durante 4 anos. É certo que desistiu a meio do segundo mandato, mas na sequência de um derrota eleitoral nas autárquicas e porque, é bom dizê-lo com clareza, é um político sem firmeza nem pulso firme. Era o homem errado no local errado. O que não acontece com José Sócrates.

Por isso, comentadores, politólogos e analistas políticos fazem mal em levantar a questão, como tenho visto recentemente. Não é bom para o Governo, para o País e muito menos contribui para dar ânimo a um Portugal cinzento e sedento de sair de uma crise que, por si só, já é suficiente.

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