Sócrates com vontade de dialogar e de agradar à esquerda


Já me irrita a opinião de muitos comentadores, ou alegados comentadores, de que este Governo não durará mais de dois anos. É por causa de mentalidades como estas que a democracia não avança. A partir do momento em que um elenco governativo é eleito, seja em maioria absoluta ou não, temos de acreditar que esse mesmo Executivo nos governará o melhor que sabe até ao fim. Estou cansada de quedas e tentativas de derrubar governos. Além disso, não está provado que só as maiorias aboslutas dão estabilidade. Pelo contrário.
Posto isto, foi ontem conhecido o novo Governo de José Sócrates. Quem esperava surpresas, ficou desiludido. Foram corridos os ministros já esperados: Mário Lino, Alberto Costa eNunes Correia, Maria de Lurdes Rodrigues e Jaime Silva. Nesta nova legislatura, sem maioria parlamentar, José Sócrates mostra com as novas escolhas que quer conversar e dialogar e agrada por isso à esquerda, não só dentro do PS (com a costela de Alegre, Alberto Martins, na Justiça) e à esquerda à esquerda do PS (Susana André na Segurança Social é o exemplo mais crasso).
Contudo, escolhas como Isabel Alçada para a Educação (aposta na continuidade das políticas anteriores), Augusto Santos Silva para a Defesa (um erro terrível que deixará os militares em polvorosa) e Jorge Lacão (o abrantino completa enraizado em Lisboa mas que ainda não ganhou tarimba suficiente) nos Assuntos Parlamentares são um risco. Sócrates está disposto a corrê-lo e isso, digamos, também é positivo. O núcleo duro (Pedro Silva Pereira, Luís Amado, Teixeira dos Santos e Vieira da Silva) mantém-se. Agora, é governar. Bem, espera-se.

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